Um pouco sobre Peter Drucker

Um pouco sobre Peter Drucker

Um pouco sobre Peter Drucker.

Talvez muitos não saibam, mas vários conceitos e práticas que vemos hoje no universo organizacional tiveram sua origem em Peter Drucker. Ele nos deixou grandes lições de Gestão, Liderança e Inovação das quais podemos aprender ainda hoje.

Peter Ferdinand Drucker é lembrado como o “Pai da Administração Moderna” – tal título ganhou força especialmente após a publicação de duas de suas obras: “Conceito da Corporação” (1946) e “Prática da Administração de Empresas” (1954) e foi se consolidando ao longo de sua carreira exemplar. Pode-se dizer que ele foi o primeiro consultor organizacional a ser conhecido como tal.

Nascido em Viena, na Áustria, em 1909, desde criança recebeu excelente formação, com conhecimentos em várias áreas e aprendendo várias línguas. Foi jornalista bastante ativo na Alemanha, um de seus primeiros artigos publicados tratou da queda do mercado de ações em outubro de 1929. Como jornalista também cobriu a queda da democracia alemã e a ascensão do nazismo e foi um dos primeiros a enxergar o caos que a ascensão de Hitler causaria. Ele disse que o que o fez ver o perigo daquela ascensão foi a leitura de ‘Mein Kampf‘ que mostrou a ele claramente as intenções tirânicas de Hitler. Em 1933, assim que Hitler tornou-se chanceler alemão, Drucker mudou-se pra Londres e começou a trabalhar como analista de ações e, posteriormente, em 1937, de lá foi para os EUA, já trabalhando como correspondente para um grupo de jornais ingleses.

Em 1939 publica seu primeiro livro “The End of Economic Man”, no qual faz a análise da ascensão do totalitarismo fascista. Nele aborda a importância do EQUILÍBRIO entre Continuidade e Mudança.
“Quando a continuidade é completamente cortada – que foi o que os nazistas fizeram, você tem um desastre, mas se a continuidade torna-se avassaladora você tem Estagnação e Catástrofe.

Nas palavras dele:

"É esse constante equilíbrio que me faz nem conservador, nem liberal, mas impopular para os dois lados."

Em 1940, começa a carreira como professor de Ciências Políticas e Filosofia no Bennington College em Vermont, EUA.

Foi após a publicação de seu segundo livro “O Futuro do Homem Industrial” que ele foi convidado a fazer estudos na GM para ver como ela funcionava. Foi quando ele começou a sedimentar o conceito de gestão, publicando o livro “Concept of the Corporation“, mostrando a importância da descentralização e da necessidade do desenvolvimento sistemático dos executivos. A partir daí, nas décadas vindouras, foi que surgiram as escolas de gestão e administração. Dali ficou claro a distinção entre ser ‘gerente’ e ser o ‘chefe‘. Que gerente não significa ser um capataz, que é como um chefe era associado por muitos, e ainda é, por incrível que pareça.

Como ele mesmo disse: "até ele entrar em cena no mundo dos negócios, "Business" era visto apenas como sendo parte da economia e não como organização humana e social". 

Interessante observar que ele declarou que essa foi sua principal aprendizagem e o principal ensinamento que ele levou às organizações, gestores e alunos.

Na década de 1950 foi “o” consutor das grandes empresas, mas ele sempre dizia que sua atividade como consultor era seu laboratório. Que seu trabalho era ser Escritor.
Em seus mais de 30 livros, Drucker deixou ensinamentos muito claros sobre diversos assuntos do universo organizacional, mas além disso, chegou a publicar livros em outras áreas que não ficaram tão conhecidos e que nada tinha a ver com negócios, mas que revelavam facetas de seus vastos conhecimentos de história, artes, economia, literatura e sociedade, assim como sua cultura e filosofia de vida. Ele sempre usava exemplos históricos para ilustrar muitos de seus conceitos.

Em 1954 publicou outro de seus grandes livros “A Prática da Gestão
Para ele, gestão tinha ver com administrar de modo a trazer o melhor em todas as pessoas – sejam clientes, sejam funcionários. Para ele, o ideal de um gestor é atuar como um Maestro de orquestra sinfônica.

Peter Drucker era um pensador, um filósofo que transformou a forma de pensar na administração.

Drucker comentava que um líder que muito promete e não se engaja e não se compromete pessoalmente com suas ideias, tende a frustrar seus colaboradores e deixar muita bagunça para trás.
Lembremos outra de suas frases: “Uma decisão só se torna eficaz quando os comprometimentos com a ação são incluídos na decisão desde o início.”

Peter Drucker costumava dizer que continuar fazendo a mesma coisa é mais arriscado que buscar mudanças.

Ele nos ensinou que a função do administrador é planejar, organizar, ajustar, medir e formar pessoas. Em suma, para ele “administração é fazer as coisas direito”.  Ele também nos ensinou que “o todo é sempre maior do que a soma das partes“.

Muito do que ele nos deixou se tornou base para o estabelecimento dos conceitos de Estratégia com Igor Ansoff nos anos 60*(1) e que passou a ser mais amplamente adotada nas décadas de 70 e 80 com Michael Porter, no setor privado e, a partir dos anos 90 com Kaplan e Norton, que criaram a metodologia do BSC (Balanced Score Card), amplamente utilizada também no setor público, inclusive brasileiro. Conceitos que, ainda hoje são referências-base para qualquer planejamento.

Algumas das falas de Peter Drucker foram:

Sabedoria para a vida: 
"Não há nada tão inútil, do que fazer bem feito o que não deveria ser feito".

Progresso:
Ele ressaltava que não devemos confundir movimento com progresso. Que devíamos nos checar: “Estou ocupado mas não produtivo?”
“Estou ocupado, mas sem direção?”

Patrimônio: 
"O trabalhador não é um custo. É um bem, um recurso.
Os custos você quer cortar, os bens e os recursos você quer ver progredir."
PESSOAS SÃO O GRANDE PATRIMÔNIO de qualquer empresa.

Gestão:
“Gestão tem a ver com trazer o melhor em todas as pessoas.
E você não faz isso ameaçando-as com o temor de perder seus trabalhos ou tratando-as como robôs.”

Comunicação:
"O mais importante na comunicação é escutar o que 'não' está sendo dito"

Inovação:
“Se você quer algo novo, você precisa parar de fazer algo velho”

Futuro:
“A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo.”

Sucesso:
“Quando você vê um negócio bem-sucedido é porque alguém, algum dia, tomou uma decisão corajosa.

Decisões:
“Planejamento de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com o futuro das decisões presentes”

Saber-fazer:
“O problema em nossas vidas não é a ausência de saber o que fazer, mas a ausência de fazê-lo”

Fazer direito:
“Administração é fazer as coisas direito. 
Liderança é fazer as coisas certas”

Cultura Organizacional:
A cultura engole a estratégia no café da manhã
(Termo ‘cultura’ relacionado à cultura organizacional, à cultura que prevalece na empresa)


A linha base de sua atuação como consultor sempre foi de esclarecer o papel das pessoas, dos gestores e das organizações pelas quais passou; ajudando os gestores e as organizações a enxergarem – na verdade, a descobrirem, seu verdadeiro propósito e sua verdadeira missão e seus papeis, levando as organizações a entenderem que os empregados eram os maiores bens que elas possuíam e que os mesmos não deviam ser vistos como custos. Que eles deviam ser entendidos como bens e como recursos e que, como tais, as empresas deveriam investir neles.

Com os gestores sempre lançava as perguntas:
Qual é o propósito da sua empresa? Qual é a sua missão? Por que ela existe?

Em seus trabalhos ajudou gestores de todas as empresas pelas quais passou a descobrirem sua verdadeira missão, deixando, além de conhecimentos e soluções, marcas de humanidade e sensibilidade junto aos gestores que o conheceram, inclusive aqueles de algumas das maiores empresas do mundo.

Ele também ajudou inúmeras instituições do então chamado terceiro setor, como organizações não governamentais e sem fins lucrativos. Ele dizia que seus desafios com estas eram ainda maiores pois elas eram as que tinham menos recursos materiais e que seu papel junto a elas era a de ajudá-las a fazerem uma excelente gestão. Atividades aliás que ele exercia “pró bono“, ou seja de maneira voluntária.

Peter Drucker recebeu a Medalha da Liberdade, a honraria mais elevada concedida pela Casa Branca, por sua rica contribuição à Nação Americana por suas realizações extraordinárias e por sua influência no mundo moderno dos negócios.

  1. Anos 60 com contribuições de Igor Ansoff, posteriormente nos anos 80 com Michael Porter, com o lançamento do seu livro, Estratégia Competitiva e anos 90, no setor público com Kaplan e Norton, professores da Harvard Business School, que criaram a metodologia do BSC (Balanced Score Card).

Texto de Herbert dos Santos Silva (com citações e ensinamentos de Peter Drucker)
Site: intuicao.com