A Monja Tibetana – Minilivro 9 ‘Ouvindo as Estrelas’

Em meio às Montanhas Rochosas Canadenses, três mulheres se encontram: uma brasileira, uma suíça e uma monja tibetana. O cenário é o Lago Louise, onde o verdadeiro espelho é a alma.
Neste minilivro, em meio a um cenário deslumbrante, a Monja Tibetana nos deixa mais que ensinamentos – ela nos oferece um caminho prático e espiritual para harmonizar os polos que regem o pensamento ocidental e oriental.
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(tempo médio de leitura- 20 min)

A MONJA TIBETANA
SÉRIE: “OUVINDO AS ESTRELAS” 
COPYRIGHT © H. S. SILVA 
ISBN – Nº 978-65-01-36102-4

Convite à Jornada

Este minilivro é um convite à escuta profunda. Em meio às Montanhas Rochosas Canadenses, três mulheres se encontram: uma brasileira, uma suíça e uma monja tibetana. O cenário é o Lago Louise, onde o verdadeiro espelho é a alma. 

Neste minilivro, em meio a um cenário deslumbrante, a Monja Tibetana nos deixa mais que ensinamentos – ela nos oferece um caminho prático e espiritual para harmonizar os polos que regem o pensamento ocidental e oriental.

A Monja Tibetana não ensina com fórmulas, mas com presença, silêncio e luz. Ela transita com naturalidade entre o Oriente e o Ocidente, tecendo pontes invisíveis entre razão e intuição.

Cada capítulo representa um passo na trilha da consciência, onde o saber deixa de ser domínio e passa a ser experiência.

Se você sente que há algo além da lógica, se pressente que o saber pode ser vivido, então este livro é para você.

Respire fundo. Abra o coração. E venha ouvir as estrelas.

“Há caminhos que não se percorrem com os pés, mas com o coração.”

No refeitório da hospedaria nas Montanhas Rochosas, Ferhélin e a Menina Mestra cruzaram com uma figura que parecia uma lembrança viva de um templo distante. 

Sentada em silêncio, saboreando seu chá com serenidade, estava uma mulher de traços asiáticos, completamente careca, vestida com túnicas em tons de laranja avermelhado — como os monges tibetanos que habitam os altos vales do Himalaia.

A presença dela irradiava uma paz tão profunda que ambas se sentiram naturalmente atraídas. Sentaram-se próximas, trocaram um “bom dia” com gentileza, e algo invisível começou a se formar entre aquelas três mulheres: uma brasileira, uma suíça e uma tibetana. Ferhélin, com sua sensibilidade aguçada, passou a chamá-la internamente de Monja Tibetana.

Era o último dia da Menina Mestra nas Rochosas antes de retornar a Victoria, onde estudava. Ela e Ferhélin faziam planos para aproveitar cada instante restante juntas. Foi então que a Monja Tibetana, com um inglês claro e pausado, perguntou se conheciam o Lago Louise.

As duas sorriram. O lago era um lugar especial para ambas — um espelho de águas turquesa cercado por montanhas nevadas, onde já haviam vivido momentos de contemplação e alegria. Sem hesitar, ofereceram-se para acompanhá-la até lá.

E assim, pouco tempo depois, as três caminhavam lado a lado, envoltas pela brisa fresca e o silêncio majestoso da natureza. À beira do lago, iniciaram uma conversa que, embora simples, carregava a promessa de algo transformador.

Ferhélin observava uma cena envolvendo pessoas próximas e comentou, com um tom de inquietação:

— Uma coisa que não consigo entender é como as pessoas, mesmo tendo informação e consciência do que lhes causa sofrimento, ainda assim entram na rotina de ignorar o que prejudica suas vidas.

A Menina Mestra permaneceu em silêncio. Seu olhar se voltou para a Monja Tibetana, que sorriu com serenidade e começou a falar suavemente:

— Há uma magia no conhecimento que se revela como um ritual. A jornada entre a informação e seu fruto segue um fluxo — não linear, mas espiralado. No início, parece uma linha reta, mas já é parte da espiral. Tudo começa com a informação, que as pessoas recebem ou elaboram, seja de forma superficial ou mais profunda.

Com o tempo, essa informação começa a se transformar em conhecimento. E então, algo sutil acontece: a pessoa começa a perceber a energia contida naquela informação. É uma energia que carrega significado. À medida que se interage com ela, ocorre uma mudança de estado — a informação se transmuta em conhecimento.

Ferhélin e a Menina Mestra escutavam com atenção. A monja prosseguiu, com voz calma e firme:

— A maioria das pessoas permanece nesse estágio: estudam, detalham, acumulam. Mas não dão sequência ao fluxo dessa energia. Até aqui, tudo acontece no plano mental. O próximo passo, vivido por poucos, é a tradução — não apenas em raciocínio lógico, mas em uma linguagem própria, mais íntima, mais viva. É a digestão do conhecimento, sua alquimia interior. Nesse processo, há mais que reflexão: há envolvimento da essência. E para que esse estado seja atingido, é preciso abrir o coração.

É quando o conhecimento flui pelo coração que ele transcende o racional.

Naquele instante, Ferhélin e a Menina Mestra trocaram um olhar silencioso — um gesto de cumplicidade. A linguagem do coração se reafirmava mais uma vez.

— A partir desse ponto — continuou a Monja Tibetana — não é mais possível manter apenas a mente como guia. É o estado em que a percepção entra em cena. O conhecimento ganha vida própria, manifesta-se de forma espontânea e fluida.

Ferhélin lembrou-se de Einstein e seus lampejos intuitivos que o conduziram à Teoria da Relatividade. Pensou também em Heisenberg e sua percepção que deu origem à Teoria da Incerteza — dois exemplos de como o conhecimento, quando atravessa o coração, pode transformar o mundo.

A Monja Tibetana prosseguiu, com a voz serena que parecia tocar algo além das palavras:

— Quando o ser humano começa a usar mais intensamente a percepção, os canais da criatividade e da intuição se abrem como flores ao sol. A intuição é uma propriedade vital — tão essencial quanto a razão. E quando a razão é usada de forma plena, ela nos conduz à próxima etapa da espiral: o saber.

A sabedoria transcende o raciocínio. Vai além da informação, do conhecimento e até do entendimento. Ela é uma conjunção de atributos que envolvem não apenas a mente, mas também a percepção e a intuição.

Nada no universo permanece imutável. Tudo se transforma, inclusive o conhecimento. Se olharmos com atenção, veremos que todos os fenômenos são impermanentes. A sabedoria, por sua vez, lida com a essência — fluida, sutil, livre das formas e das conceituações que o conhecimento costuma carregar.

Quando há sabedoria, um novo nível começa a ser experimentado: o da consciência. E esse processo consciente envolve todos os nossos níveis de manifestação: o físico, o mental, o emocional e o espiritual. Para que a sabedoria se manifeste plenamente, ela precisa ser traduzida em todos esses planos.

Ferhélin e a Menina Mestra estavam encantadas. Aquela mulher jovial, sábia e única, envolta em seus trajes budistas, parecia ser mais um presente daquela jornada luminosa.

— Então… a informação passa por uma espécie de transfusão energética? — perguntou a Menina Mestra. — Ela mergulha em um nível mais profundo e abrangente, chamado sabedoria, que se manifesta em nossa consciência?

A Monja assentiu com um sorriso:

— Ser consciente é da natureza do ser humano. Muitos dos males que a humanidade enfrenta têm origem na ignorância — na ausência da prática dessa natureza essencial.

Ferhélin refletiu por um instante:

— Mas como alguém pode ignorar algo que é parte de sua própria natureza?

A Monja olhou para ambas com ternura e devolveu a pergunta:

— O que você acha da quebra do ciclo que mencionei há pouco? O que acontece no mundo de hoje, onde as pessoas recebem cada vez mais informações, estudam-nas, começam a entender parte delas…

Ferhélin respondeu com suavidade:

— Parece-me que essas pessoas passam a ser valorizadas por aquilo que conhecem. O mundo as reconhece como especialistas, como detentoras de saber técnico. Mas talvez… o verdadeiro valor esteja em como esse saber se transforma em consciência.

A Monja Tibetana observava as duas com ternura, como quem vê sementes prontas para germinar. Sua voz, sempre suave, continuou a tecer reflexões:

— O mundo valoriza o acúmulo de conhecimento. Pessoas são reconhecidas por aquilo que sabem, por suas especializações, por seus títulos. Mas o saber verdadeiro não se mede por reconhecimento externo. Ele é silencioso, profundo, e muitas vezes invisível aos olhos da sociedade.

Ferhélin assentiu, pensativa:

— Parece que quanto mais informação as pessoas recebem, mais se afastam da essência. Como se o excesso criasse uma névoa sobre o que realmente importa.

A Monja sorriu com compaixão:

— É a quebra do ciclo. A espiral do saber se interrompe quando a energia não flui além do mental. A informação se acumula, o conhecimento se organiza, mas não há transmutação. Sem a abertura do coração, sem a prática da consciência, o saber permanece estagnado — como água parada que não alimenta nem sacia.

A Menina Mestra olhou para o lago à sua frente, cujas águas refletiam o céu como um espelho. — Então, o verdadeiro saber é aquele que se transforma em consciência viva?

— Sim — respondeu a Monja. — E essa consciência não se exibe. Ela age. Ela se manifesta nas escolhas, na presença, na escuta, na compaixão. É o saber que não precisa provar nada, porque já é.

Ferhélin sentiu um arrepio leve, como se uma brisa interna tivesse soprado em sua alma. A conversa com a Monja Tibetana não era apenas uma troca de ideias — era uma iniciação silenciosa, uma lembrança do que sempre esteve ali, esperando para ser vivido.

A Monja Tibetana, sempre próxima e alegre, irradiava uma presença acolhedora durante todo o passeio. Em meio à conversa, ela comentou com suavidade:

— Você usou uma palavra-chave na vida humana: valorização. Atribuir e agregar valores é o princípio que guia todas as ações humanas.

Ela fez uma breve pausa, como quem convida à reflexão, e continuou:

— A humanidade perdeu a capacidade sutil de perceber o sentido real das informações. Ou as recebe em excesso, sem notar o valor de algumas delas, ou então as valoriza de forma exagerada, como se cada novidade fosse uma revelação.

Esse detalhe — a perda dessa percepção sutil — quebrou a magia na espiral. Aquela espiral que transforma informação em saber foi interrompida. E com isso, o ser humano passou a agir com inconsciência.

O processo de renovar informações, de vesti-las com novas roupagens, tornou-se o foco principal. Como apresentar, como descobrir, como diferenciar — tudo isso passou a ser mais importante do que o conteúdo em si.

A Monja olhou para o horizonte, como quem vê além do tempo:

— Essa obsessão pela novidade que alimenta o ciclo da valorização deformada… Ela exalta o “especialista”, não por necessidade real, mas para manter vivo um sistema que valoriza a informação pela informação — sem alma, sem essência.

Ferhélin e a Menina Mestra escutavam em silêncio. Era como se cada palavra da Monja revelasse uma camada oculta da realidade — uma verdade que sempre estivera ali, mas que só agora começava a ser vista.

– O que provoca a desarmonia?

A sociedade, sem identidade clara e sem propósitos profundos, reforça a virtualização da informação — e ainda a exalta. Nesse processo, aspectos essenciais como ética e sabedoria são deixados de lado, como se fossem peças de um tempo antigo.

A valorização excessiva da virtualização fortalece inverdades e condutas impróprias. A informação se torna espetáculo, e o sentido se dissolve.

— O mais grave nisso tudo é a perda de consciência — afirmou a Menina Mestra, com um olhar sério.

A Monja Tibetana, com sua serenidade habitual, devolveu a pergunta:

— Você sabe o que a perda de consciência provoca?

Ferhélin apenas a olhou, esperando o desdobramento.

— Sem consciência, não há sabedoria — disse a Monja, com firmeza. — E isso provoca a desarmonia.

Ela continuou, como quem revela um segredo antigo:

— Quanto menos conscientes as pessoas estiverem, menos espaço haverá para a sabedoria florescer. E mais condições para a desarmonia despontar — nos mais diversos níveis da existência.

Em essência, baixos níveis de consciência provocam desarmonia.

Aquela mulher tibetana, envolta em suas vestes avermelhadas e segurando um rosário de madeira escura, inspirava as outras duas a refletirem profundamente. Sua presença era como um espelho silencioso, revelando não apenas o que estava diante delas, mas o que estava dentro.

 – A Sabedoria das Diferenças –

A caminhada seguia tranquila. Haviam escolhido uma trilha que serpenteava em direção à montanha, como se o próprio caminho fosse um convite à elevação.

— Como poderia ser retomado o ciclo para a manifestação da sabedoria e a elevação da consciência? — perguntou Ferhélin, com os olhos voltados para o topo distante.

A Monja Tibetana, iluminada pelo sol que resplandecia no céu e refletia em sua cabeça sem cabelos, respondeu com um brilho no olhar:

— Há muitas pessoas no planeta… e muitos caminhos. Não existe apenas um.

Ela fez uma pausa, como quem acessa uma lembrança sagrada.

— Quando eu era ainda uma garotinha, um Lama disse à minha mãe que eu deveria me preparar para seguir o caminho espiritual e me tornar uma monja. Anos depois, quando ainda era noviça, um livro muito especial chegou às minhas mãos. Ele reunia palestras e conferências sobre a relação entre Oriente e Ocidente — um tema raro entre autores do extremo oriente.

Aquelas ideias se tornaram sementes. E hoje, florescem em minha jornada. Passo temporadas no Oriente, traduzindo os sentimentos ocidentais para a visão oriental. E quando estou no Ocidente, faço o movimento inverso — como uma ponte entre mundos.

Ferhélin e a Menina Mestra escutavam com atenção, absorvendo cada palavra como quem recolhe pétalas ao vento.

— As escolhas de um oriental geralmente diferem das do ocidental — continuou a Monja. O ocidental tende a intelectualizar, questionar, entender. A eloquência oral é valorizada. Já no Oriente, os hábitos são mais silenciosos. As atitudes, mais contemplativas.

— Dentro da visão oriental, a postura silenciosa e observadora, e a sensibilidade do espírito, fazem parte do caminho natural da busca. O ocidental verbaliza tudo. O questionamento é parte de sua natureza, mas muitas vezes o leva ao individualismo.

— O oriental aceita o que vê e contempla o todo. O ocidental valoriza a objetividade, mas desconfia da subjetividade — que é rica, inspiradora, e cheia de nuances.

Ferhélin, intrigada, perguntou:

— Qual dos dois está certo?

A Monja sorriu com ternura:

— Não sei dizer se há um certo e um errado. Cada um segue sua natureza. Mas sinto que agregar o “outro lado” seria saudável para ambos.

Ela olhou para o céu, como quem contempla o infinito:

— Acredito que os ocidentais precisam perceber que a objetividade e o individualismo, sem considerar o todo e suas inter-relações, podem ser danosos — à natureza, ao ser humano, à alma. É fundamental que haja abertura à integração. À percepção do todo.


Ferhélin e a Menina Mestra ouviam atentas as palavras de Monja Tibetana. 

— Dentro da visão oriental, a postura silenciosa e observadora e a sensibilidade do espírito fazem parte do caminho natural para as buscas. 

O ocidental procura verbalizar tudo. O questionamento é parte do seu modo de viver e acaba direcionando suas escolhas por um prisma de individualismo. 

O oriental aceita o que vê e procura contemplar o todo. O ocidental tem como método a objetividade, despreza o valor da subjetividade, que é rica e inspiradora, enquanto a subjetividade é vista com olhos de desconfiança.

— Qual dos dois está certo? — perguntou Ferhélin.

— Não sei dizer se há um certo e outro errado. Entendo que cada um segue a sua natureza. Sinto que agregar o “outro lado” seria saudável para ambos. 

Acredito que os ocidentais precisam perceber que a objetividade e o individualismo, sem levar em consideração o todo e suas interrelações, podem ser danosos à natureza e ao ser humano. É fundamental que haja uma abertura à integração e à percepção do todo.

A Monja Tibetana falava com profundo respeito e amor. Suas palavras fluíam como um rio sereno, compartilhando com Ferhélin e a Menina Mestra não apenas ideias, mas sentimentos:

— A objetividade pode ser muito enganosa. Ela fragmenta o que é grandioso e deixa de lado aspectos que, embora sutis, são profundamente significativos.

— Como vê esse aspecto em relação ao ocidental? — perguntou Ferhélin.

— O ocidental, nos relacionamentos, é treinado para convencer o outro — respondeu a Monja.

Ferhélin completou:

— É comum o ocidental advogar e tentar impor o que deseja.

— Daí a importância da objetividade e da capacidade de fazer indagações — ponderou a Menina Mestra.

— E como se obtém o equilíbrio entre a objetividade e a subjetividade? — indagou Ferhélin.

A Monja sorriu e começou a descrever um método simples, mas profundo:

— Há um caminho para integrar as qualidades subjetivas, comuns aos orientais, com as objetivas, típicas dos ocidentais. Alguns requisitos são essenciais:

  1. Relaxamento — Escolha um ambiente silencioso ou com sons agradáveis: água corrente, canto de pássaros, música suave. Aromas também ajudam.

  2. Experimentação — Selecione uma frase ou parágrafo que lhe toque. Em estado de calma, experimente sua energia, sem intelectualizar.
  3. Desapego — Medite e libere a informação anterior. Não se prenda a ela. Apenas esteja presente.
  4. Constância — Estabeleça o hábito. Pratique diariamente, com paciência e persistência.
  5. Ritual do pré-sono — Antes de dormir, relembre as experiências do dia. Escolha uma frase, virtude ou imagem para vivenciar internamente. Use sua imaginação: frases, imagens, movimentos, ritmos — tudo pode ser integrado.

Ferhélin refletiu:

— Por que você acha que isso funcionaria com os ocidentais?

A Monja respondeu com delicadeza:

— O ocidental está habituado a intelectualizar. Se seguir por esse caminho, adeus experiência. Proponho aprender a refletir sem ser analítico. O desapego visa à integração e à percepção do todo. Não é sobre alcançar um objetivo final, mas sobre perceber que os meios são preciosos. A constância é um desafio ao ocidental — mas é essencial para que a prática se torne viva.

Ferhélin e a Menina Mestra estavam tocadas pela força das palavras da Monja, que se mostrava cada vez mais à vontade com elas.

Ferhélin então perguntou:

— Na sua visão, há alguma atitude que impede o desabrochar da intuição?

A Monja gesticulava suavemente enquanto falava:

— Sim. Uma delas é a falta de equilíbrio — desde os pensamentos até as ações. Você, Ferhélin, entende de equilíbrio pela Física. Mas acredito que, quando nos situamos em extremos, somos conduzidos ao desequilíbrio.

Ela continuou:

— A visão objetiva é importante para a ação. Mas é a subjetiva que sustenta o espírito com que a ação é realizada. Planejar demais bloqueia a intuição. É preciso também manifestar o lado receptivo. Ter uma mente acolhedora nos ajuda a perceber sinais que costumamos ignorar.

— Às vezes, a vida encontra canais de comunicação conosco — mas não estamos acostumados a reconhecê-los. A generalização bloqueia a linguagem dos detalhes. Ser sistemático demais nos afasta da essência, pois a vida não segue uma ordem artificial.

— Reduzir a diversidade humana a padrões rígidos desmantela talentos, tempo e energia. A visão analítica fortalece os problemas, mas não revela soluções. Com o tempo, os problemas são incorporados — como se fossem parte natural da existência.

A visão generalista e analítica fortalece os problemas, sem mostrar soluções ou saídas. Acabam apresentando meios de conviver com eles, mas não como solucioná-los. Com o tempo, o problema é incorporado pelas pessoas.

A Mestra Tibetana concluiu sua jornada de palavras com um brilho suave no olhar:

— Com o tempo, a relação com o conhecimento deixa de ser movida pela ansiedade ou pelo desejo de domínio. Ela passa a existir não apenas para ser compreendida, mas para ser experimentada.

— Você tem proposto essas práticas em suas atividades? — perguntou Ferhélin.

— Sim — respondeu a Monja. — Em encontros, palestras, workshops… A maioria das pessoas se mostra receptiva. Isso fortalece o hábito de ouvir e de estabelecer conexão com o fluxo vital contido no conhecimento. Elas acabam por se conectar com o verdadeiro propósito do saber.

Ferhélin olhou para ela com simpatia e sorriu. Sentia-se afortunada. Grata pela vida. A Menina Mestra parecia mergulhada em um mundo de luz, com sua prática natural de sorrir com os olhos.

A Monja Tibetana, em um dia comum para ela, estava cumprindo seu papel: Compartilhar simplicidade, sabedoria e felicidade.

Elas descansaram por um tempo, observando a natureza em silêncio. Nenhuma palavra era necessária. O silêncio dizia tudo.

Depois, retornaram ao alojamento. Na manhã seguinte, trocaram olhares de carinho e se abraçaram. Era a despedida.

A Monja Tibetana partiria. Talvez nunca mais se vissem. Quem sabe?

Ferhélin seguiria sua jornada pelas Rochosas, retornando a Banff. A Menina Mestra voltaria para Victoria, a bela cidade que Ferhélin visitara no início da viagem.

E assim, cada uma seguiria seu caminho — levando consigo o perfume da sabedoria compartilhada.

A série Ouvindo as Estrelas convida o leitor a acompanhar Ferhélin, uma jovem cientista em busca de sentido além das fórmulas e teorias. Em sua jornada pelas terras canadenses — especialmente entre os cenários majestosos das Montanhas Rochosas — ela vive encontros sutis e transformadores que a conduzem a uma nova forma de ver o mundo.

Cada minilivro é uma travessia entre paisagens externas e descobertas internas. A magia da natureza se entrelaça com reflexões profundas, revelações inesperadas e aprendizados que transcendem a lógica, tocando o espírito.

Ao longo da série, Ferhélin aprende a ouvir o que não se diz, a perceber o invisível e a integrar ciência e espiritualidade com leveza e sabedoria. Essas experiências, compartilhadas com o leitor em linguagem acessível e poética, revelam que há estrelas que só se escutam com o coração atento.

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