Fragilidade sem camuflagem

Fragilidade sem camuflagem

Fragilidade sem camuflagem.

Dar um passo após o outro, mover o pé para trás e para o alto, dirigindo-o para baixo, levantando-o, movendo-o para a frente e abaixando-o, apontando-o para a frente, levantando o outro e assim repetindo o processo, passo a passo, parece complexo, mas fazemos isso desde pequenos, com muita simplicidade.

Os pés, às vezes no ar, às vezes no chão, nos ajudam a caminhar.
Nas nossas vidas, a sensação de fragilidade e medo existem, em diferentes graus e dependendo dos nossos estágios pessoais. Até pode ser possível alguém passar uma vida toda sem experimentar a sensação de pânico, mas é improvável que nunca experimentará a sensação de insegurança ou medo, em diferentes momentos ou situações. Eles fazem parte da jornada de vida da todos os seres humanos – o que pode mudar são seus graus e momentos de manifestação.

Não há como caminhar sem aprender a pisar no chão. Pode até ser mais cômodo e gostoso ser carregado e não ter que fazer esforço mas, intuitivamente, todos buscam andar com seus próprios pés. Os primeiros passos, o engatinhar, as primeiras centenas de quedas, centenas delas, fazem parte do aprendizado de todos. Há algo mais, no entanto, que impulsiona cada um a tentar e tentar até conseguir. Ali parece não haver a sensação do medo de não conseguir mas, ao contrário, quando o bebê começa a tentar seu primeiros passos é difícil impedi-lo de tentar.
Não diria que naquele momento há clareza de que pode conseguir mas, certamente, há a percepção disso.
No decorrer da formação, na “aprendizagem” do temor e do reprimir, as sensações de fragilidade e medo começam a ganhar força e, com o passar do tempo, ganham espaço nas nossas vidas.
Isso não deveria intimidar ninguém, mas, sim, mostrar que devemos ser solidários e humildes.
Entender o que é o medo ajuda a clarear o caminho obscuro do temor, sendo que a grande maioria tem os seus para superar.
Na transição do mundano para o espiritual e, finalmente, na conjunção entre o mundano e o espiritual, diria que o fundamental é ter a clareza de quem somos e como poderemos ser novamente, em perfeição. Os medos e fragilidades, algumas vezes, se manifestam como que querendo nos mostrar que é com os pés no chão que devemos caminhar.
O bebê, após começar a andar, incorpora isso na vida dele e tem prazer nisso. Não se “gaba” de saber andar.
Não é porque podemos ter superado a maioria dos medos ou mesmo todos, que o sentimento de ser melhor, de ser super homem ou de ser o “sabe tudo” deve prevalecer.
Devemos manifestar a essência, nunca camuflar o viver mantendo a “pose”.
A humildade mostra sabedoria e, enquanto ela não existir, em essência, resquícios de fragilidades e medos ainda se manifestarão.
Ah…àquele que acha que considera não ter mais nenhum tipo de medo, apenas pode-se sugerir um pouco de humildade e um convite a refletir, pois o medo costuma se manifestar de forma camuflada.

Enquanto houver alguma forma de raiva, haverá algum medo.
Enquanto houver alguma forma de ganância, haverá algum medo.
Enquanto houver alguma forma de intolerância, haverá algum medo.
Enquanto houver alguma forma de apego, haverá algum medo.
Enquanto houver alguma forma de mentira, haverá algum medo.
Enquanto houver alguma forma de arrogância, haverá algum medo.
Enquanto houver alguma forma de agressividade, haverá algum medo.

Somente quando o coração estiver ocupado completamente com amor é que poderá haver compaixão verdadeira. Neste estado, não haverá espaços para medos ou fragilidades.

O método mais simples para a eliminação dos medos é amar, simplesmente amar!

A humildade é o nosso termômetro, que indicará o quanto de verdade estamos colocando no nosso coração e daí, na nossa visão e na ação.
A compaixão é o nosso espelho. Enquanto dela não fizermos uso, quaisquer brilhos e reconhecimentos nada mais serão que armadilhas; quando dela estivermos fazendo uso, nossa vida refletirá sabedoria nos mais simples atos e pensamentos..
Os medos podem ser entendidos como os sensores de nosso estágio espiritual.
Nunca tema ter medo e fragilidades. Apenas os entenda como sensores, indicando que devemos mudar a orientação de nossas atitudes e padrões, nos pensamentos e nas ações.
O ser humano está sujeito a erros. O diferencial está em manter o foco na luz, na solução, no positivo. Isso torna alguém especial.

Autor: Herbert Santos Silva
site intuicao.com
imagem: pixabay