Em ‘A MESTRA DOS PEQUENOS COSTUMES’, o leitor é convidado a desacelerar, observar e redescobrir o valor dos pequenos hábitos que moldam nossa energia, nossas relações e nossa forma de viver. Uma leitura breve, mas profunda — para quem deseja caminhar com mais leveza e escutar o que há de mais sutil na vida. Confira!
(tempo médio de leitura- 19 min)
OUVINDO AS ESTRELAS


MiniLivro 15
A MESTRA DOS PEQUENOS COSTUMES
Sinopse
Em meio às paisagens serenas das montanhas de Banff, Ferhélin encontra uma figura singular: a Mestra dos Pequenos Costumes. Com seu sorriso acolhedor e sabedoria silenciosa, essa mulher revela que os grandes aprendizados da vida não estão nas teorias complexas, mas nos gestos simples que repetimos todos os dias.
Ao longo de uma caminhada repleta de reflexões, visões e descobertas, Ferhélin é conduzida por trilhas externas e internas — entre o silêncio e a escuta, entre a ciência e a espiritualidade, entre o respeito e a celebração. Cada capítulo é uma pausa para contemplar o poder transformador dos hábitos cotidianos e da presença consciente.
A Mestra dos Pequenos Costumes é um convite à leveza, à integração e à beleza que habita o essencial. Um minilivro para quem deseja ouvir as estrelas e redescobrir o valor das pequenas coisas.
Para dar uma breve ideia dos temas deste minilivro, veja abaixo sumário com os capítulos de ‘A MESTRA DOS PEQUENOS COSTUMES‘.
Sumário
Prefácio
Uma breve introdução à proposta do minilivro: revelar a sabedoria contida nos gestos simples e nos hábitos cotidianos, por meio da jornada de Ferhélin e sua mentora singular.
Capítulo 1 – O Encontro com a Mestra
Ferhélin conhece a Mestra dos Pequenos Costumes e inicia uma caminhada que se revelará transformadora. A simplicidade da mestra intriga e inspira.
Capítulo 2 – Os Quatro Pilares que Sustentam os Hábitos e Costumes
A Mestra compartilha sua visão sobre os quatro pilares que moldam nossos hábitos: atitude comportamental, postura intelectual, ação visível e disposição do espírito.
Capítulo 3 – O Valor do Silêncio
Durante a trilha, Ferhélin aprende que o silêncio pode ser mais eloquente que palavras. A escuta profunda se torna um portal para o autoconhecimento.
Capítulo 4 – A Sabedoria dos Hábitos
A mestra compartilha reflexões sobre como os pequenos costumes moldam nossa energia, intenções e relações. Ferhélin começa a perceber o poder dos gestos repetidos.
Capítulo 5 – A Leveza da Presença
A caminhada revela que estar presente é um ato de delicadeza. Ferhélin compreende que a leveza não é ausência de profundidade, mas presença sem peso.
Capítulo 6 – O Tempo Interior
A mestra introduz a ideia de que o tempo não é apenas cronológico, mas também emocional e espiritual. Ferhélin aprende a respeitar seus próprios ritmos.
Capítulo 7 – A Arte da Observação
Ferhélin descobre que observar com atenção é uma forma de amar. A natureza e os detalhes da trilha se tornam mestres silenciosos.
Capítulo 8 – Um Novo Enfoque: Mais Abrangente
Uma experiência visionária leva Ferhélin a integrar ciência e espiritualidade. A ponte entre razão e intuição se revela como caminho de sabedoria.
Capítulo 9 – Coesão que Engrandece
A mestra reflete sobre o espírito de equipe e o verdadeiro sentido da vitória. Ferhélin compreende que o respeito e a celebração são marcas dos vencedores conscientes.
Epílogo – A Sabedoria dos Pequenos Costumes
Ferhélin encerra sua jornada externa, mas inicia uma travessia interna. Os aprendizados se transformam em sementes para uma nova forma de viver — mais leve, mais íntegra, mais consciente.
Prefácio
Há uma sabedoria silenciosa que habita os gestos cotidianos. Ela não se impõe, não se anuncia com alarde, mas transforma — com paciência e profundidade — aqueles que se dispõem a observá-la. Este minilivro é um convite à escuta dessa sabedoria.
Em meio à correria do mundo moderno, onde o extraordinário parece sempre mais valioso, A Mestra dos Pequenos Costumes nos conduz por uma trilha diferente: a da simplicidade que revela, do silêncio que ensina, da presença que cura. Através da jornada de Ferhélin, descobrimos que os pequenos hábitos não são apenas repetições automáticas, mas expressões sutis de quem somos e do que escolhemos cultivar.
Cada capítulo pode ser sentido como uma pausa. Um momento para respirar, refletir e perceber que o caminho do autoconhecimento não precisa ser abrupto ou grandioso. Ele pode ser leve, como uma conversa à beira de uma trilha, ou profundo, como o olhar silencioso de uma mestra que ensina sem impor.
Este minilivro não pretende oferecer respostas grandiosas, mas abrir espaços internos para que cada leitor encontre as suas. Que você, ao caminhar por estas páginas, possa reconhecer a força e a beleza dos seus próprios pequenos costumes — e, quem sabe, transformá-los em grandes aliados da sua jornada.
Boa leitura. Boa travessia.

Capítulo 1 — O Início
‘Encontros que Transformam’
Quando uma mulher sorridente, de cabelos loiros e curtos, disse algumas palavras em português, Ferhélin logo percebeu que se tratava de uma portuguesa.
Aos quarenta anos, aquela mulher aparentava ser uma pessoa independente e autoconfiante. Ela viajava em férias pelas Montanhas Rochosas. Ferhélin e ela haviam se conhecido na van do passeio e, agora, seguiam rumo a uma cachoeira próxima dali.
Banff era uma cidade que guardava boas lembranças para Ferhélin. No trajeto entre a cidade e a cachoeira, o guia comentava sobre os pontos turísticos, enquanto ambas se encantavam com as paisagens majestosas das montanhas.
Quando o silêncio se fez, surgiu espaço para que se conhecessem melhor.
A nova companheira era consultora de pequenos costumes e vivia na cidade do Porto, em Portugal.
— Mas o que você faz exatamente? Que tipo de consultoria é essa? — perguntou Ferhélin, curiosa.
— Bem, eu observo hábitos e sugiro mudanças por meio de práticas individuais ou coletivas. O objetivo é melhorar a qualidade de vida das pessoas — seja na família, na cidade ou nas organizações.
— Acredito na força dos detalhes. Alguns ganham destaque, outros permanecem discretos, quase invisíveis. Mas todos, de alguma forma, provocam transformações na vida de quem os adota — completou a portuguesa, com serenidade.
A van seguia por uma estrada de terra estreita, ladeada por árvores altas e silenciosas. Logo estacionaria em um ponto de onde poderiam explorar a região a pé.
Enquanto caminhavam, a conversa continuou — leve, curiosa e cheia de descobertas.
CAPÍTULO 2 – OS QUATRO PILARES QUE SUSTENTAM OS HÁBITOS E COSTUMES
‘As Bases para Transformar Hábitos e Costumes’
Ferhélin, feliz por ter encontrado outra pessoa que falava português, comentou: — Fiquei interessada no que você faz. Dê-me um exemplo.
— Procuro focar diferentes dimensões que envolvem a vida das pessoas. É um trabalho muito intuitivo, de percepção e criatividade. Acredito que, ao tomarmos consciência dos pequenos costumes — que todos possuímos — e, de alguma forma, começarmos a trabalhá-los, podemos aperfeiçoar nossas vidas, dando mais qualidade a elas.
Basicamente, creio que existam quatro pilares que sustentam os costumes, hábitos e pequenos aspectos do nosso cotidiano. São eles:
- A atitude comportamental, que se relaciona ao nosso estado mental e retrata o nível dos pensamentos e sentimentos. A atitude comportamental influencia diretamente nossa determinação e motivação.
- A postura intelectual, que se conecta mais diretamente ao intelecto e governa o foco que damos aos nossos pensamentos. A postura intelectual orienta com o que nos sintonizamos.
- A ação em si, que é a mais comumente observada e valorizada no dia a dia, por estar ligada ao plano material visível. Nossas ações expressam, de fato, onde colocamos nossa energia.
- A disposição do espírito, representada pela vontade e pelo humor, que se relacionam ao padrão emocional. Creio que a vontade e o humor sejam fatores determinantes da nossa resiliência e do nível de comprometimento. Estão diretamente ligados à disposição de espírito que manifestamos em nossas vidas.
Esses quatro pilares estão presentes em nossos pequenos hábitos e costumes. Penso neles como recursos internos que podem ser trabalhados simultaneamente. É a combinação entre eles que pode alimentar — ou esgotar — a energia das pessoas.
— Interessante! Pequenos hábitos e pequenos costumes… — disse Ferhélin, refletindo sobre as palavras de sua nova amiga portuguesa.
A partir daquele momento, Ferhélin passou, internamente, a chamá-la de Mestra dos Pequenos Costumes.
Capítulo 3 — O Poder Sutil do Bem-Estar
‘Hábitos que Harmonizam e Elevam o Astral’
— Uma questão essencial para o bem-estar é saber como elevar o astral em momentos difíceis — disse a Mestra dos Pequenos Costumes, com voz serena.
— Dependendo da natureza de cada pessoa, costumo sugerir que observe os aspectos corriqueiros da própria vida. Por exemplo: que tipo de música lhe traz alegria? Qual filme a emociona profundamente? Que leitura eleva seu estado de espírito?
— Podemos usar conscientemente esses recursos para influenciar positivamente nossa disposição. E, ao fazer isso, percebemos que não vale a pena alimentar pensamentos e sentimentos que não nos fazem bem. Usar o que nos fortalece é uma forma de cuidado pessoal.
Ferhélin escutava com atenção, absorvendo cada palavra.
— É simples, não é? — continuou a Mestra. — Criar hábitos que nos ajudem a aperfeiçoar a vida, encontrar soluções acessíveis e práticas… tudo isso contribui para melhorar nosso comportamento e nossa energia.
— Há muitos hábitos que podem harmonizar e elevar o astral — completou, com um sorriso leve.
Ferhélin a observava, encantada com a profundidade das ideias.
— Sem dar atenção aos pequenos costumes, sem criar um vínculo com eles, sem apreciá-los… a maioria das pessoas não percebe como os detalhes do cotidiano influenciam seu estado emocional.
— Com observação pessoal e alguns exercícios simples, é possível estabelecer uma relação consciente com esses aspectos — e usá-los como aliados na jornada do bem-estar.
Capítulo 4 — O Saber que Respira
‘O conhecimento com alma’
— Acredito que, ao uniformizar os métodos e utilizar o conhecimento apenas de forma metódica, acabamos impedindo que ele interaja com outros atributos — como a criatividade, a sensibilidade ou a percepção — disse a Mestra dos Pequenos Costumes, com olhar atento.
— Por isso, defendo que devemos nos relacionar com o conhecimento de forma orgânica. Nada é imutável. Nada está isolado.
Ferhélin, intrigada, perguntou:
— Se tivesse que resumir seu trabalho em uma frase, qual seria?
Após alguns segundos de reflexão, a Mestra respondeu com firmeza e doçura:
— Resgate da harmonia.
Ferhélin balançou a cabeça suavemente, como se dançasse com as palavras.
— Resgate da harmonia… muito interessante — repetiu, saboreando a ideia.
— Suas propostas têm boa aceitação? — quis saber.
A Mestra esboçou um sorriso sereno.
— Você conhece o mundo em que vivemos. O meio acadêmico é bastante relutante. Às vezes, sinto-me um pouco como Renoir, pintando suas telas e sendo ignorado até mesmo nas pequenas exposições de Paris.
— Mas acredito que tudo isso faz parte da evolução humana. Cada ideia tem seu tempo de florescer.
Capítulo 5 — Libertar para Transformar
Desempacotando Mentes
Aceitar novidades pode ser desafiador para muitas pessoas — especialmente quando elas estruturam suas vidas em torno de conceitos que consideram o centro do universo.
— Já pensou que pode haver vida além desses conceitos? — provocou a Mestra dos Pequenos Costumes. — Abrir mentes não deveria ser um dos principais objetivos da educação atual?
Ela fez uma pausa e continuou:
— De certa forma, sinto que meu trabalho é ajudar as pessoas a desempacotarem suas próprias mentes. Mas isso só pode ser feito por elas mesmas.
— No geral, há uma aceitação maior por parte de pessoas mais sensíveis e de empreendedores com visão ampla — concluiu, com serenidade.
Ferhélin, curiosa, perguntou:
— Além dos aspectos físicos e materiais, você aborda outros?
A Mestra sorriu com leveza:
— Conforme o nível de abertura de cada pessoa, vou adentrando dimensões mais íntimas. Uma delas é a expressão da espiritualidade em suas vidas.
— É fascinante perceber como isso varia de pessoa para pessoa. Cada uma possui um universo próprio, onde estão inseridos seus princípios, valores, paradigmas, dogmas e crenças.
— O que procuro enfatizar, ao abordar esse tema, é o aspecto prático da espiritualidade — aquilo que se manifesta no cotidiano.
— Como assim? — quis saber Ferhélin.
— Inspiro a pessoa a identificar qual é o meio mais natural para ela experimentar os universos que mantém fechados dentro de si.
— Faço isso mostrando que seus princípios, valores, paradigmas, dogmas e crenças — por mais diversos que sejam — podem funcionar como pontes para que a espiritualidade se revele em sua vida prática.
Capítulo 6 — Aceitação das Falibilidades
‘A Espiritualidade que Permite Ser‘
— É curioso notar como muitas pessoas confundem espiritualidade com religiosidade — disse a Mestra dos Pequenos Costumes, enquanto observava os pinheiros ao redor.
— Com o tempo, diversos fatores têm exposto as falibilidades das religiões e de seus representantes. Isso faz com que muitas pessoas se sintam órfãs, por não encontrarem uma religião “perfeita”.
— Surge então um vazio profundo. Foram educadas para abraçar uma crença específica, mas ao não encontrarem uma que preencha seus anseios por completo, acabam frustradas. E, nesse processo, se abstêm — criando bloqueios que as impedem de expressar o melhor de si mesmas.
— Essas barreiras se formam nos níveis intelectual e emocional, desestimulando a manifestação dos aspectos mais essenciais do espírito.
Ferhélin ouvia com atenção, enquanto seus olhos passeavam pelo cenário silencioso e verdejante.
Respirando pausadamente, a Mestra continuou:
— Procuro mostrar que a manifestação do espírito costuma se revelar na simplicidade — nos pequenos costumes e hábitos cotidianos.
— Descobrir que espiritualidade é a expressão prática de valores e princípios é um dos primeiros passos para quem inicia uma busca pessoal.
— Quando as pessoas tomam consciência disso, muitas passam a entender que a falibilidade das religiões não está na essência de seus ensinamentos, mas na dimensão humana de quem as administra.
— A partir daí, compreendem que o foco deve ser a essência — aquilo que, na prática, transforma. E com isso, muitas se reaproximam de crenças das quais estavam distantes, agora num patamar mais consciente, em que o que importa é o que vivem e traduzem dos ensinamentos, e não os questionamentos estéreis que antes as afastavam.
— É interessante como, ao aceitar as falibilidades — sejam pessoais ou institucionais — costuma surgir um salto de consciência.
— Afinal, sempre há um certo grau de espiritualidade na ação. A questão é: esse grau representa sua natureza mais genuína?
Ferhélin refletiu por um instante e perguntou:
— E como acessar esses níveis mais elevados?
A Mestra sorriu e respondeu:
— Inspirando as pessoas a perceberem como se sentiriam mais à vontade, mais naturais, ao entrar em contato com princípios, valores, crenças e com o conhecimento em um nível além do entendimento racional.
— Algo que deve ser vivido internamente, não apenas compreendido intelectualmente. Cada pessoa tem seu meio mais natural de fazer isso — embora muitos ainda o desconheçam.
— Há diversas formas de encontrá-lo: em silêncio, permitindo que o pensamento se acalme até surgir uma experiência serena e profunda; ouvindo sons ou música; parado ou em movimento.
— Orando, falando, entoando cânticos, experimentando o que os outros compartilham. Repetindo sons ou palavras, criando uma atmosfera poderosa ao redor.
— O importante é encontrar o seu “jeito” pessoal. As práticas são inúmeras.
— Perceber seu estilo para elevar o astral é também elevar seu grau de espiritualidade. Descobrir como se sentir melhor — seja relaxando, concentrando-se, contemplando, adorando, agindo, doando, recebendo, sozinho ou em grupo — é o primeiro passo.
Capítulo 7 — O Jeito Único de Ser Espiritual
Suas Ações Refletem Sua Natureza Mais Genuína?
Há uma infinidade de detalhes que podem compor uma experiência pessoal.
Ferhélin comentou, pensativa:
— Bem, eu não gosto de idolatria. Adoração não faz meu estilo. Às vezes gosto de ficar só, mas sinto que certas experiências são mais poderosas em grupo. Sei lá… tudo é tão pessoal.
A Mestra dos Pequenos Costumes sorriu com leveza:
— As escolhas são pessoais. Quando alguém perde a capacidade de escolher, acaba se afastando daquilo que é mais natural para si.
— Ao perceber o que eleva seu astral e colocar isso em prática, a pessoa eleva, de algum modo, seu nível espiritual.
— Imagine os povos indígenas em suas danças e rituais, os yogues entoando mantras, as palavras e pensamentos que guiam as orações, os gestos e posturas. Pense nos incensos e aromas usados por diferentes grupos e tradições religiosas.
— São detalhes que podem ser úteis para alguns e irrelevantes para outros. Não existe certo ou errado — apenas o que é adequado e benéfico para você e seu estilo de ser.
— Os costumes variam, mas continuam a existir — seja na contemplação, na concentração, no desapego, na adoração, na repetição, na respiração profunda ou acelerada, no silêncio absoluto ou na relação com os sons.
— Em todas essas práticas, estabelecemos costumes. E, com eles, alimentamos hábitos.
— Não cabe comparação. O importante é perceber o que é favorável para cada um e usá-lo como fonte de bem-estar.
— Seja a felicidade paradisíaca dos indianos, a bem-aventurança dos yogues, a determinação dos muçulmanos, o amor incondicional dos cristãos, a iluminação dos budistas, a ascensão dos seres iluminados, a sabedoria dos mestres ou os rituais dos xamãs — tudo é transformador e potencialmente vitalizador.
— A questão é descobrir com o que você se sintoniza.
— E ao fazer uma escolha, isso não significa que ela deva ser permanente ou única. Tudo flui. Tudo muda. Inclusive a nossa maneira de ver e entender a vida.
CAPÍTULO 8 – Visões no Céu da Mente
‘Entre Espirais e Revelações.’
Elas seguiam em sua caminhada e, por um tempo, permaneceram em silêncio. Decidiram sentar-se e observar a vista ao redor. Aos poucos, um estágio de leve sonolência tomou conta de Ferhélin. Ela teve a sensação de ver sua mente mergulhar em um imenso cenário de céu azul e branco, onde cenas começaram a despontar como slides ou flashes.
Personagens começaram a surgir naquele “céu”: Einstein parecia sorrir-lhe, sugerindo que a vida era um quebra-cabeça esférico, composto de infinitos pedaços curvos, com os quais deveríamos nos divertir e aprender a perceber as relações entre as peças e como cada uma influenciava o todo. Leibniz levantava a mão e apontava o dedo indicador para o alto, chamando sua atenção para um plano mais elevado. Pitágoras, silencioso e sereno, parecia compenetrado, e ela pensou ouvi-lo dizer que os segredos deveriam ser descobertos, mas não expostos indevidamente. Helena Blavatsky, realizada e amadurecida, parecia perguntar-lhe: “Percebe agora?”
Por um tempo, ela pensou ver aquelas figuras passeando em sua mente. Ferhélin expressou um “Oh!” ao perceber que, de algum modo, aqueles personagens haviam indicado algo novo. A Mestra dos Pequenos Costumes permanecia em silêncio.
Desde criança, Ferhélin aprendera que a Física era a ciência da natureza. De algum modo, um novo enfoque surgia ali para ela: a ciência deveria abranger as diversas naturezas — não apenas a mensurável, material e perceptível fisicamente, mas também a dimensão do espírito deveria integrar-se ao estudo científico.
A ponte que liga a espiritualidade à ciência estava muito clara para ela: era o caminho. Ela deveria olhar para a ponte que une essas duas dimensões — e não para o abismo que as separa.
Pareceu-lhe ver um céu mental revelando uma ponte de luz, unindo duas espirais também luminosas: uma direcionada para baixo, representando a ciência; outra para cima, representando a espiritualidade.
Aos poucos, aquele cenário mental começou a se transformar. As espirais de luz começaram a se fundir, e a ponte desapareceu. Logo, as espirais pareciam se sobrepor e, preenchidas de luz, começaram a misturar suas configurações, formando uma imensa esfera iluminada.
Não havia mais separações, nem pontes, nem lados — ciência ou espiritualidade. Tudo compunha um novo cenário: integrado.
Após essa experiência, ela permaneceu introspectiva por um tempo, até que outros do grupo passaram por elas, e elas decidiram continuar a caminhada. Logo chegaram ao topo da montanha, de onde podiam ver, do alto, uma cachoeira estreita e imponente. O ambiente era muito agradável, e havia duas trilhas. Elas teriam mais um tempo para caminhar por lá.
CAPÍTULO 9 – COESÃO QUE ENGRANDECE
‘Posturas que Inspiram’
Seguiam um pouco atrás do grupo, apreciando a natureza e conversando. — Pequenos costumes… nossas vidas são preenchidas por eles. Agora parece simples para mim — disse Ferhélin, sorrindo para a Mestra dos Pequenos Costumes, que complementou: — O simples é sempre conciliador!
Após uma breve pausa, acrescentou: — Gosto muito de esportes e estou sempre acompanhando atividades esportivas. E você? — perguntou, observando um casal que escalava a montanha pelo lado da cachoeira.
— Gosto muito de esportes. Nadar faz parte da minha vida. Quando posso, nado toda manhã, antes de ir para a universidade. E, quando dá, gosto de acompanhar algumas atividades esportivas na televisão — principalmente voleibol e surfe, que sempre têm cenários maravilhosos — respondeu Ferhélin.
A Mestra dos Pequenos Costumes comentou: — Quando vejo competições esportivas, acho interessante observar o espírito dos atletas. É perceptível que, quando existe espírito de equipe, há uma tendência em focalizar as virtudes e qualidades. Um participante dá suporte ao outro. Há uma coesão que harmoniza e une o grupo.
Essa leveza inspira os mais hábeis a serem inovadores e criativos, e os mais limitados, tecnicamente, a darem o máximo de si, sem medo de errar. E, quando erram, sentem o apoio dos demais. Há felicidade no grupo, e isso se reflete nas participações individuais.
Quando um grupo está ajustado e harmônico, prioriza a celebração entre seus integrantes. Fica evidente a alegria pelo sucesso conquistado — e não pela derrota do oponente. Há uma diferença imensa entre essas duas posturas.
Ferhélin escutava com atenção.
— Há uma postura natural de não ofender nem revidar gestos agressivos contra o adversário. Pelo contrário, há respeito e consideração — algo que apenas os verdadeiros vencedores conhecem instintivamente. Muitos precisam desenvolver essa postura por meio da prática, mas o vencedor natural — aquele que tem consciência de estar um nível acima — sempre respeitará a dor da perda do outro, mesmo que este tenha agido de forma agressiva ou ofensiva.
De algum modo, isso se expressa nos costumes e hábitos de quem possui o espírito de vencedor. Ele tem o poder mágico de manter sua energia nas qualidades, nos talentos e nos objetivos, sem se deixar influenciar por fatores externos.
Celebrar, para os verdadeiros vencedores, sempre traz sentimentos de felicidade — mas junto vem o respeito por quem foi vencido. Se, ao vencer, houver raiva ou desejo de manifestar agressividade, pode-se saber que o espírito vencedor não está presente. A sensação de vitória será transitória e de vida curta. Ao vencer respeitando o adversário, este passará a admirá-lo com respeito.
Observando o casal que subia a montanha, Ferhélin notou que os dois estavam ligados entre si, atentos aos movimentos um do outro. Havia uma coesão natural em suas ações. E como os pequenos detalhes faziam diferença naquela atividade de escalar montanhas, pensou Ferhélin.
Foi quando o guia lhes disse que era momento de retornar. Ao chegarem a Banff, elas se despediram. A Mestra dos Pequenos Costumes ficou em seu hotel, e Ferhélin seguiu para sua pousada no alto da montanha, quase fora da cidade.
Epílogo
‘A Sabedoria dos Pequenos Costumes‘
Ferhélin contemplava o céu estrelado da montanha, envolta pelo silêncio que só os grandes aprendizados sabem oferecer. A jornada com a Mestra dos Pequenos Costumes lhe havia trazido revelações sutis — como o toque suave de uma brisa que, sem alarde, transforma o clima de um dia inteiro.
Ela compreendia agora que os pequenos costumes não são apenas hábitos cotidianos, mas sementes de harmonia. São gestos que moldam o espírito, que constroem pontes entre razão e sensibilidade, entre ciência e espiritualidade, entre o eu e o outro.
A coesão que une uma equipe, o respeito que engrandece uma vitória, a simplicidade que revela o essencial — tudo isso estava ali, entrelaçado nas experiências vividas. E, acima de tudo, havia a consciência de que o verdadeiro crescimento não se dá por rupturas, mas por integrações delicadas.
Ferhélin sorriu, sentindo-se parte de algo maior. A jornada havia chegado ao fim, mas o verdadeiro caminho — aquele que se desenha dentro de nós — ainda reservava descobertas sutis, encontros inesperados e aprendizados que florescem com o tempo.


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‘Ouvindo as Estrelas’
Autor: H. S. Silva

Sobre a Série Ouvindo as Estrelas
A série Ouvindo as Estrelas convida o leitor a acompanhar Ferhélin, uma jovem cientista em busca de sentido além das fórmulas e teorias. Em sua jornada pelas terras canadenses — especialmente entre os cenários majestosos das Montanhas Rochosas — ela vive encontros sutis e transformadores que a conduzem a uma nova forma de ver o mundo.
Cada minilivro é uma travessia entre paisagens externas e descobertas internas. A magia da natureza se entrelaça com reflexões profundas, revelações inesperadas e aprendizados que transcendem a lógica, tocando o espírito.
Ao longo da série, Ferhélin aprende a ouvir o que não se diz, a perceber o invisível e a integrar ciência e espiritualidade com leveza e sabedoria. Essas experiências, compartilhadas com o leitor em linguagem acessível e poética, revelam que há estrelas que só se escutam com o coração atento.
Minilivros ‘OUVINDO AS ESTRELAS‘.
Site https://www.intuicao.com
Imagem do post (exceto as dos livros): Banco de dados Pixabay
Série de Minilivros: ‘Ouvindo as Estrelas’
Autor: H. S. Silva
Copyright © H. S. Silva
“Ouvindo as Estrelas”
Edição original – 2004
Edição Atualizada – 2025
Propósito do site Intuição.com:
Estabelecer, inspirar e fortalecer elos de esperança junto aos que estão na jornada de fazer deste um mundo melhor.
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