O Senhor da Geleira – Minilivro 14 ‘Ouvindo as Estrelas’

O Senhor da Geleira é uma obra breve, mas luminosa — um convite à contemplação, à leveza e à reconexão com o que é essencial. Confira!

(tempo médio de leitura- 30 min)

O SENHOR DA GELEIRA
SÉRIE: “OUVINDO AS ESTRELAS” 
COPYRIGHT © H. S. SILVA 

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Para dar uma breve ideia dos temas deste minilivro, veja abaixo sumário com os capítulos de ‘O SENHOR DA GELEIRA’.

  1. Introdução  Uma travessia interior entre silêncio, sabedoria e presença.
  2. Como você vê o tempo?  Reflexões sobre o tempo como criação humana e a importância de viver o presente.
  3. Do Presente à Eternidade  A transcendência do instante e o vislumbre da eternidade através da presença espiritual.
  4. Percepção Refinada  A importância de perceber o ser além das imagens fragmentadas e dos papéis sociais.
  5. Conjunto de Momentos  A borboleta, o tempo e o valor de cada instante como portal para o sagrado.
  6. O Que É o Sagrado?  A integração das dimensões da vida e a manifestação do sagrado no simples ato de ser.
  7. Universos Envolventes e a Eternidade  A interação dos níveis físico e espiritual e a experiência da eternidade na ação harmoniosa.
  8. O Silêncio  O poder da palavra e a força do silêncio interior como marca da eternidade.
  9. Educação  A educação como tratamento do sagrado e a ausência de lideranças genuínas no mundo atual.
  10. Integrando Multiversos  A espiritualidade como essência da vida e a verdade como experiência do ser.
  11. Despedindo-se daquela figura carismática  A simplicidade do saber, a leveza da despedida e o ensinamento final do Senhor da Geleira.
  12. Epílogo  Ferhélin parte transformada, levando consigo sementes de sabedoria serena e a certeza de que tudo que move é sagrado.

senhor da Geleira

O SENHOR DA GELEIRA

…as respostas, as que significam algo,
raramente estão na superfície da mente.

Os dias escorriam serenos pela Montanha Edith Cavell, como neve derretida sob o sol de primavera.

Naquela noite, enquanto Ferhélin dormia, um grupo chegou discretamente ao alojamento. Eram estudantes de filosofia de uma universidade em Colônia, na Alemanha — alunos de um velho amigo do atual administrador do lugar.

Esse homem, que outrora lecionara filosofia, havia se afastado das formalidades acadêmicas por escolha própria. Há muito tempo vivia entre as montanhas das Rochosas Canadenses, onde o silêncio parecia ensinar mais do que qualquer sala de aula.

Pela manhã, Ferhélin tomou café com ele. Era um senhor de cerca de setenta anos, barba branca e longa, cabelos igualmente brancos que lhe tocavam os ombros. Um pouco calvo, mas com olhos que pareciam conter o brilho de mil invernos.

Ele a convidou para acompanhar o grupo recém-chegado.

— Todos os anos, esse meu amigo — ainda professor — sugere a seus alunos que façam uma pausa nas atividades curriculares e venham conhecer um estilo de vida distinto. Uma das ideias que ele propõe é passar alguns dias comigo aqui, nas Rochosas. Sempre há quem aceite.

— Não é nada formal — continuou. — Eles vêm para visitar a região, e eu aproveito para mostrar algumas belezas naturais e compartilhar um pouco da minha filosofia de vida.

Ferhélin achou tudo aquilo encantador. E, sem saber exatamente por quê, passou a chamá-lo de Senhor da Geleira. Aceitou o convite com naturalidade, como quem reconhece um chamado.

Mais tarde, ele conduziu o grupo a um lugar novo para Ferhélin — uma montanha alta, rochosa, sem árvores, sem vegetação. Apenas terra, pedras e o silêncio mineral do tempo.

Subiram até o topo de uma rocha. À frente, a face de uma geleira reluzia sob o sol. Abaixo, um lago congelado guardava imensas pedras de gelo espalhadas como fragmentos de eras passadas.

— São pedras que caíram da geleira — explicou o administrador, já conhecido por Ferhélin como o Senhor da Geleira.

Após cerca de quarenta minutos de caminhada, sentaram-se no chão, sob o sol. Ele se posicionou um pouco à frente do grupo — cinco garotas e três rapazes.

Ali permaneceram, em silêncio, contemplando o cenário: a geleira à frente, o lago abaixo, o despenhadeiro atrás. Tudo parecia suspenso entre o tempo e o espaço.

Ferhélin sentiu que aquele seria mais um encontro especial em sua jornada.

Após alguns minutos, o Senhor da Geleira virou-se e sentou-se de frente para o grupo.

— Quantos anos você tem? — perguntou, olhando para Ferhélin.

— Vinte e nove — respondeu ela.

— E os demais?

— Vinte e sete — disse um dos rapazes.

As idades variavam entre vinte e três e trinta e seis anos. Cada um foi dizendo a sua, como quem entrega ao tempo uma pequena confissão.

COMO VOCÊ VÊ O TEMPO?

“O tempo não se mede. Se sente.”

— Antes de vocês nascerem, eu já estava aqui há muitos anos — vivendo entre rochas, árvores, lagos, riachos, geleiras, ursos, alces e águias. As trilhas que hoje percorrem já foram pisadas por muitas pessoas — disse o Senhor da Geleira.

“Acho que nem tantas…” — pensou Ferhélin, considerando o isolamento daquele alojamento escondido entre montanhas.

— Mas o tempo! Ah, o tempo é uma grande ilusão. Os dias vêm como ondas do mar, emoldurando nossas vidas a cada amanhecer. Os ciclos, a repetição das estações, os meses, o nascer e o pôr do sol — tudo vem e vai. Janeiros passaram. Janeiros virão.

O tempo é uma concepção nossa. Uma questão de noção. E como variam essas noções ao longo da vida!

Alguns, com tantas especialidades, fazem-se presentes com clareza em certos campos — e tão ausentes em outros. Vivemos em uma realidade tridimensional, e o tempo… é uma criação nossa.

Ferhélin sentia-se feliz por estar ali, naquele instante suspenso.

— Como você vê o tempo? — perguntou o Senhor da Geleira, voltando-se para ela.

Ferhélin já havia refletido sobre o assunto. Lembranças vieram: da infância, da juventude, dos tempos de estudante. Ela já não se apressava em responder. Sentia seu ritmo mais natural. Sabia que as respostas, as que realmente significam algo, raramente estão na superfície da mente. Procurava sentir a essência do pensamento.

— Bem… de tudo que tenho aprendido sobre o tempo, penso que o mais importante é não nos perdermos no passado nem no futuro. Não ficar remoendo erros, nem louvando vitórias que já passaram. E também não nos perdermos na ânsia do que virá, na insegurança do futuro.

Penso que, superados esses aspectos, devemos evitar o hábito de alimentar a ansiedade — aquela vontade de acelerar o que sabemos que será bom, mas que precisa do seu tempo de amadurecimento, sua velocidade própria, seu momento de acontecer.

Resumindo… acredito que viver o presente é a melhor maneira de aproveitar o tempo — disse Ferhélin, concluindo sua reflexão.

A eternidade começa quando o agora é habitado.

O Senhor da Geleira, com seu jeito sossegado e sereno, sorriu — como quem aprecia o que escuta.

Foi então que disse:

— Viver o presente é uma grande dádiva. É um avanço significativo, que distingue o convencional do genuíno. Aquele que vive o presente está pronto para manifestar o que tem de melhor. Mas mesmo isso é uma limitação deste mundo tridimensional.

Creio firmemente que os grandes seres iluminados nunca se prenderam aos momentos — eles os transcenderam, assim como transcenderam as épocas em que viveram. Manifestaram algo que somente o espírito pode experimentar: a eternidade. Transformaram a experiência do presente em eternidade.

Enquanto o som do vento harmonizava-se com o silêncio que os cercava, as palavras do Senhor da Geleira tocavam Ferhélin, que o observava com profundo interesse.

— Os seres iluminados manifestaram, na prática, um nível que pode ser alcançado por qualquer ser humano. Quando deixamos de lado os adereços desnecessários, podemos atingir o presente. E, ao nos elevarmos, transcendemos o nível do momento presente. Então, podemos experimentar a eternidade.

Tornar o momento presente é o primeiro fruto de nos reconhecermos como seres espirituais. É a nossa presença espiritualque nos permite vislumbres de eternidade nos instantes que vivemos. Essa presença é o que distingue a natureza de um ser da de um ator.

Isso é possível para qualquer pessoa. Essa presença nos permite construir a ponte entre o passado e o futuro — caminhando no presente e manifestando o espiritual que existe, simplesmente, sob todas as roupagens.

Manifesta o eterno — disse o Senhor da Geleira.

Ferhélin bebia da garrafa que trouxera. Sentia o frescor da água descendo pela garganta. Saboreava aquele líquido de um modo diferente das outras vezes — procurando sentir a eternidade naquele momento.

PERCEPÇÃO REFINADA

“Ver além da imagem é tocar o ser.”

Nuvens surgiam como se estivessem fechando as cortinas do céu, criando um novo cenário para aquela reunião silenciosa. Ferhélin observava a liberdade de uma águia que cruzava os ares sobre o lago de gelo.

O Senhor da Geleira percebeu que uma das garotas do grupo desejava falar — e a convidou a se manifestar.

Era uma moça alta e magra, de óculos escuros redondos. Ela comentou:

— Cada pessoa é um mundo — com sonhos, virtudes e qualidades que podem levá-la, através de todos os obstáculos e escolhas, até seu próprio sonho. Mas nós nos esquecemos de ver esses sonhos, esses tesouros. E pior: a própria pessoa se esquece de ver tudo o que é. Nós a enxergamos em fragmentos — e ela também se vê em pedaços. Como isso pode acontecer?

O que nos leva a esquecer a grandeza e a beleza que temos? Por que ficamos restritos a imagens nascidas de partes de nós? Esquecemos de ver o ser que ali está — e enxergamos apenas a imagem que projetamos, de forma tão limitada que, na maioria das vezes, nem mesmo tem a ver conosco.

De repente, o céu ficou cinza, coberto pelas nuvens.

O Senhor da Geleira escutou com atenção e respondeu:

— Tudo é uma questão de percepção. Quando restringimos as possibilidades de ser, transformamos uma realidade ampla em uma realidade virtual cercada por limites. Nos encaixamos nessa realidade e acabamos nos vendo como atores desempenhando papéis alheios. Esquecemos quem somos — e nos confundimos com os modelos que enxergamos.

Limitamos nossa visão e abrangência aos limites que nós mesmos colocamos. A percepção é um instrumento valioso, mas pouco utilizado. O curioso é que, quando a usamos em sua capacidade máxima, ela nos oferece acessos ilimitados.

Além dos limites alcançados pela percepção, há muito por ser revelado. Mas, para que esse estágio chegue, a percepção precisa ser desenvolvida. Então, novos tesouros estarão prontos para serem descobertos — e, para isso, novos instrumentos serão necessários.

Ferhélin o observava, tentando alcançar o significado de suas palavras. Percebia a distância entre o cotidiano e aquele nível refinado de percepção com que o mestre enxergava o mundo.

Então perguntou:

— Como mudar isso? A maioria das pessoas nem mesmo tem ideia do que você está falando.

— Nunca se preocupe com isso. Cada passo é importante em uma jornada. O mais importante é continuar caminhando.

Querer acelerar o processo é uma tendência. Mas o melhor meio de fazê-lo é cumprir sua parte. E, para isso, o método mais simples é encontrar — e manter — o seu ritmo.

Às vezes, você pode acelerar um pouco. Mas até essas acelerações devem fazer parte do seu ritmo.

Manifestar a espiritualidade na ação é parte dessa caminhada.

PROCESSO DE CRIAÇÃO

“Toda semente desconhecida guarda um mundo por nascer.”

— Qual é o melhor método? — perguntou Ferhélin.

— Vocês verão que o processo de criação — com novas ideias e novos modelos — começará a surgir. A criação é essencial. E penso que, neste momento, formular metodologias e planejamentos poderia sufocar o processo. As buscas devem primar pelo respeito à criatividade e às ideias que ainda estão nascendo.

O mundo está viciado na lentidão do pensamento linear. A estruturação do novo não pode estar baseada numa visão burocrática e hierárquica.

Algo novo precisa desabrochar — nascido de uma semente ainda incógnita, mas que já está sendo germinada. A sociedade nem imagina que não necessita da maioria das armaduras que veste. Cada passo se torna pesado e lento.

Por que não ensinar a pensar, a criar, a aprender, a imaginar, a entender, a perceber e a intuir?

Há poucos preparados para isso. E, geralmente, não se adaptam aos limites que as instituições impõem.

Simplesmente porque seus horizontes alcançam amplidões que as convenções atuais não enxergam — e acabam ficando à margem.

É um paradoxo: As melhores mentes — as mais criativas — acabam à margem da vida por causa das convenções e dos padrões estabelecidos.

PITÁGORAS

“Há saberes que não cabem em fórmulas.”

Qualquer garoto que chega ao colégio ouve falar em Pitágoras. Mas o que realmente aprendem sobre ele? Além do famoso teorema que leva seu nome, sabem que ele foi um importante filósofo? Aprendem algo sobre sua filosofia?

Ferhélin lembrou-se de seus tempos de escola — e de todas as matérias que era obrigada a estudar. Tanto foi desperdiçado, pensou ela, simplesmente por não apresentarem os encadeamentos que muitos conhecimentos permitiam.

O Senhor da Geleira continuou:

— Qualquer garoto conhece o famoso teorema que leva seu nome. Mas o que é mais importante sobre Pitágoras?

Diria que não é o teorema. Ele sempre buscou criar e inspirar uma visão integral do ser — unindo talentos à redescoberta dos dons. Criou a Academia Pitagórica. Quantos já ouviram falar sobre ela?

Quantos sabem que Pitágoras via os números — e suas relações — como energias?

Ferhélin apenas ouvia. Percebia com clareza a ruptura entre a parte filosófica do conhecimento e o “conhecimento” ensinado nas escolas. O quanto de desestímulo à criatividade e à imaginação surgia dessa quebra entre o que era ensinado e o que havia gerado o saber.

— Você verá que a veia criativa se manifesta quando a espiritualidade é colocada em prática. A imaginação e a criatividade surgem com a experiência do eterno — através da espiritualidade genuína.

A criatividade floresce, desabrochando com vitalidade, quando há uma combinação entre valores, propósitos elevados, qualidades e talentos desenvolvidos.

Essa combinação propicia a transcendência do presente para o eterno. E quando esse propósito é alcançado, a criatividade deixa de ser ocasional — torna-se permanente. Soluções fascinantes se tornam possíveis.

Conjunto de Momentos

Ferhélin refletia sobre a essência do que aquele senhor havia dito. Fazer sua parte, em seu ritmo. Esse era, pensava ela, o segredo individual para o processo de mudança do mundo.

Soluções surgem apenas de mentes criativas. Isso é o que deveria ser esperado. Ela pensava em seu papel como pesquisadora, orientadora e professora. Poderia inspirar outros a despertar seus dons e talentos, a criar e imaginar — em vez de seguir modelos e se moldar aos limites das mentes burocráticas. Isso abria um mundo de possibilidades, pensou.

O Senhor da Geleira lhes mostrou uma pequena borboleta que voava em seu próprio ritmo. Ela parecia livre. Aquela simples observação inspirou Ferhélin.

A vida é preenchida de momentos. Depende do que fazemos com eles, dos valores que sustentam nossas atitudes e da visão que temos a cada instante, pensou ela.

Aquela borboleta vivia o seu momento — sem preocupação com o passado ou o futuro. Ela simplesmente era a borboleta que era.

Foi então que o Senhor da Geleira falou:

— O tempo é um conjunto de momentos. Perceber o momento é essencial — ele é um fragmento do tempo. Cada momento tem seu propósito de existir. Quando nos sintonizamos com esse propósito, é como viver aquele instante da maneira ideal.

Então, vivenciaremos o tempo da melhor forma possível. E aproveitaremos um dos maiores tesouros à nossa disposição: o tempo de vida que temos neste planeta.

Após alguns instantes de silêncio, ele prosseguiu:

— Existe o antes e o depois. O momento é o presente. Quando percebemos o momento corretamente, podemos ter um relance da eternidade.

Isso equivale a abrir portais normalmente inacessíveis. Um desses portais, que não pode ser relegado, é o que nos dá acesso ao sagrado. Abri-lo é possível — quando participamos da vida com o coração.

A transcendência é possível. Ir além dos limites é sempre uma possibilidade — depende da sua escolha.

Imaginar um mundo em harmonia, sem violência e sem corrupção dos valores fundamentais, parece uma utopia neste momento do planeta — com mais da metade da população vivendo abaixo da linha da pobreza, muitos passando fome e em condições sub-humanas.

Sinto que este momento é particular. Faz parte de uma grande transição para este planeta.

A Presença do Sagrado

— Afirmo a vocês: este não é um momento comum! O acesso ao sagrado se faz necessário. Este é um tempo de guiar-se pelo coração — e não mais depender apenas da razão.

Ferhélin parecia sentir a responsabilidade contida nas palavras do Senhor da Geleira. À sua mente vinham imagens da agressividade e da violência no mundo.

Um dos rapazes do grupo — cabelos pretos, curtos, pele clara, aparentando vinte e poucos anos — comentou:

— Não entendo como tanta agressividade e violência podem acontecer no mundo, mesmo com o atual desenvolvimento científico e tecnológico, e com tantas religiões presentes no planeta. Há tantos caminhos… e, ainda assim, o caos é crescente. O que fazer?

— Se houver desrespeito em qualquer nível, a cadeia da espiritualidade é quebrada. Não há espiritualidade no conflito, na violência ou na agressividade. Onde há ego, não há espiritualidade.

O sagrado transcende a ciência, a tecnologia e as religiões. O sagrado contém a propriedade da tolerância, o atributo da aceitação — e flui com a energia do amor — disse o Senhor da Geleira.

Ferhélin o observava. Aquele homem de cabelo e barba brancos, com sua vestimenta ocidental, parecia uma pessoa comum aos olhos de quem o visse apenas por fora.

Ela não se surpreendia com o que ele dizia. Era um evento síncrono, uma possibilidade que havia se manifestado em sua vida, pensava.

Foi quando alguém perguntou:

— Mas o que é o sagrado?

— Percebo o sagrado como a manifestação integrada das várias dimensões presentes. A integração harmoniosa do divino, do espiritual, do mental, do emocional e do físico — simultaneamente.

O sagrado é a combinação e a expressão do momento em sua inteireza. Sagrado é Deus e seus ajudantes incógnitos. Sagrada é a vida e a natureza. Sagrado é o momento. A essência e a revelação do sagrado residem na mais básica de todas as funções: Ser.

Ferhélin procurava sentir o que ele dizia — e perceber a integração que existia entre tudo que a cercava: o ar, a natureza, a presença do Senhor da Geleira e das outras pessoas, as palavras que ouvia, a paz interior iluminando seu ser e a energia do amor envolvendo todos e tudo à sua volta.

Sentia-se iluminada — e via luz em tudo. Percebia as palavras como sons vindos de uma flauta mágica. Via a geleira preenchida e rodeada por luz. Sentia o ar brilhando, o céu com uma imensidão nunca antes percebida. Sentia a presença de uma energia luminosa.

— Quando há integração harmoniosa entre todas as dimensões energéticas que podemos acessar, experimentamos o sagrado. É como visitar um jardim onde as energias presentes em nossas vidas interagem em harmonia — e criam o sagrado. Como estão se sentindo? — perguntou o Senhor da Geleira.

Eles permaneceram quietos, cada um em seu próprio mundo interior. Ferhélin nada disse — apenas sorriu para ele, como se dissesse: Está sendo especial.

Lembrou-se dos versos de Milton Nascimento: “Tudo que move é sagrado.” E pensava: Tudo se move — mesmo o que é sólido. Moléculas, átomos, energia em movimento. Tudo é dinâmico.

Via as rochas, os grandes blocos de gelo no lago, as montanhas — e sentia em seu coração: Tudo é sagrado.

Permaneceram longo tempo em silêncio — percebendo a natureza, refletindo, meditando ou simplesmente observando a geleira e o lago abaixo, com seu azul prateado pelo gelo.

Então, o Senhor da Geleira os convidou para caminhar um pouco. Seguiram por uma trilha que os levou montanha adentro.

Após caminharem e observarem alguns locais, retornaram ao alojamento.

Ao chegar, o grupo se adiantou. Ferhélin, que caminhava ao lado do Senhor da Geleira, perguntou:

— Onde você mora?

Apontando para uma pequena construção de madeira, ele disse:

— Naquela cabana mais distante, a uns quinze metros.

Havia um riacho que passava pela frente, com uma pequena ponte em curva para a passagem de pessoas — dando acesso à sua casa.

Despediram-se: o mestre seguiu para sua cabana, e Ferhélin, em direção ao riacho, para lavar-se e depois preparar seu jantar no refeitório do alojamento.

Aquele havia sido outro dia muito especial. No dia seguinte, eles se encontrariam novamente.

Universos Envolventes e a Eternidade

Na manhã seguinte, o grupo de alemães havia partido. Ferhélin, após tomar o café da manhã, encontrou-se com o Senhor da Geleira.

Eles se cumprimentaram, e ela mencionou que havia refletido sobre suas palavras — e que gostaria de ouvir um pouco mais.

Ele estava saindo para caminhar e a convidou para acompanhá-lo.

Logo, estavam caminhando por uma trilha nova para Ferhélin.

— Cada pessoa possui um conjunto de recursos preciosos — disse o Senhor da Geleira, enquanto caminhavam por uma floresta de pinheiros. — O detalhe é que muitos não os percebem… e os buscam fora.

Alguns reconhecem grandes talentos dentro de si, mas acabam desacreditando nisso — e se desorientam, buscando por algo que não conseguem identificar.

Ferhélin observava a natureza enquanto o escutava.

— É como se as pessoas estivessem embrulhadas em caixas de presente, com papel brilhante, colorido, e laços enfeitados. Até aí, tudo bem. O problema surge quando elas se esquecem de que estão lá dentro.

Começar a cuidar do invólucro e se aperfeiçoar, para tornar as caixas mais atraentes, passa a ser — para muitos — a finalidade do viver.

Retirar as camadas superficiais é um exercício necessário para quem deseja transcender o nível de ser verdadeiramente. Quando isso acontece — num relance ou a cada momento — tocar o eterno se torna possível.

Remover os revestimentos que cobrem e escondem os dons próprios do ser é um requisito básico para essa transcendência. E só é possível se a pessoa assim escolher.

O fato é que manifestar o eterno, a cada momento, é um presente divino que aguarda para ser aberto.

Enquanto caminhavam, Ferhélin pediu ao Senhor da Geleira que falasse mais sobre como ele via a combinação dos universos que envolvem uma ação.

— Quando há a interação dos vários níveis — do físico ao divino, passando pelo espiritual — a experiência da simplicidade se torna visível. O amor transborda e flui por tudo e por todos ao redor. O sentimento de respeito e de confiança desabrocha naturalmente. Há felicidade plena e modéstia nos sentimentos.

Tudo isso está expresso apenas — e completamente — em ser.

Quando essa experiência acontece, o ar, a brisa, os aromas, as cores… tudo parece compor algo maior. Surge o sentimento de integrar algo mais amplo — e de harmonizar-se com ele.

Nesses momentos, não são as teorias, doutrinas ou palavras que promovem a experiência. É a magia daquele instante — que vai além dos fragmentos do tempo — e pode acessar um outro universo que nos torna eternos.

Quando o Silêncio Fala

Momentos de silêncio seguiram-se, até que Ferhélin voltou a falar:

— Algo que me fascina é o poder da palavra. Como você vê isso?

— Penso que a palavra é sagrada — e tem o poder de congregar as energias relacionadas ao seu significado.

Enquanto o Senhor da Geleira falava, Ferhélin relacionava o que ele dizia à visão quântica. Havia o poder quântico da palavra — a possibilidade de colapsar todas as energias relacionadas a ela é o que lhe confere poder.

— O ser humano tem feito mau uso desse poder. Seu modo de se relacionar com as palavras tem pulverizado sua força.

Políticos, a mídia e as pessoas, em geral, têm tratado a palavra de forma a tirar seu encanto e sua magia. A manifestação do verbo, como sabedoria eterna, tem se perdido ao longo dos tempos.

O que acontece é que as pessoas cortam o acesso aos universos que a palavra possibilita. O mau uso, a distorção em seu emprego e o distanciamento de seu significado — por meio de repetições constantes — estão aniquilando o poder essencial da palavra.

Quanto poder há em uma poesia! Quanto poder há em uma oração! Quanta vida e expressão estão ali presentes!

O fato é que cada vez menos pessoas estão acessando o poder da palavra — afirmou o Senhor da Geleira.

Após longos minutos de silêncio, ele continuou:

— A mágica do silêncio interior é que ele possui uma marca: a da eternidade.

O silêncio é eloquente, à sua maneira — e tem vida mais longa do que podemos imaginar. As experiências de profunda harmonia interior ficam gravadas para sempre.

A força da paz interior é tamanha que permite o acesso ao eterno, mesmo que não conscientemente. Um segundo de paz profunda tem efeito além do que podemos conceber no tempo humano ou tridimensional.

Uma experiência de um segundo, em qualquer época, carrega um poder capaz de nos resgatar de possíveis quedas no futuro. Você pode nem mesmo se lembrar da experiência — mas o poder que ela imprimiu em sua alma estará trabalhando quando você precisar.

A experiência do silêncio interior é de preenchimento total — ao contrário do que muitos pensam. Você pode não pensar, pode não ser guiado por palavras-chave — mas a vivência será de completa integração e harmonia, numa dimensão além do tempo-espaço.

A Educação como Ato Sagrado

Após algum tempo em silêncio, virando-se para o Senhor da Geleira enquanto caminhavam, Ferhélin comentou:

— Quase toda a educação está fundamentada na palavra.

O Senhor da Geleira ficou pensativo por instantes e afirmou:

— Educar é outro aspecto fascinante da vida, porque aborda algo profundamente respeitável: o conhecimento. Penso que a educação pode ser compreendida como o tratamento do sagrado. Estamos no mundo da ação, mas o próprio entendimento — e o poder de acessar os universos relacionados à ação — deixam muito a desejar.

A educação acaba se confundindo com o ato de educar a ação, e muito se perde com esse entendimento. Não apenas pela interpretação, mas também pela perda do significado da ação em si.

Neste mundo tridimensional, tudo se resume em ação. Pensar também é ação — assim como sentir, meditar, perceber e intuir.

Educar precisa envolver a integração de todos os universos que compõem a ação. Esses universos não devem permanecer separados e independentes, reduzidos a pequenos fragmentos, distintos uns dos outros.

Servir e levar benefícios aos outros, a si mesmo e ao planeta são frutos dessa integração.

Então ele perguntou — e logo respondeu:

— O que o homem fez? Restringiu todos os universos a um nível básico: materializável, visível, audível e palatável.

Esse desvio de percurso levou a educação ao nível defasado em que se encontra. O que se vê é fragmentação e perda da percepção do todo. A “departamentalização” do conhecimento e a desconexão entre os setores que formam a totalidade.

Complexidades receberam valorização crescente — e a simplicidade foi desvalorizada. Surgiu medo do simples, até mesmo da palavra simples. Por que será?

Dentro desse universo caracterizado pela perda de contexto, o foco do saber se perdeu. Num entendimento linear, o que aconteceu?

Tudo começou com pequenas distorções de visão, de propósito e de valores — e chegamos a este estágio de corporativismos, visões distorcidas, vocações burocratizadas e valorização excessiva de ferramentas de controle.

Sinto que há ausência de lideranças no mundo. Parece que exércitos de dedicados ao inútil estão espalhados pelo mundo e pelas instituições — brincando de “trabalhar” e de manter ilusões que demandam imensa energia e recursos para serem materializadas. Há comandantes e subalternos — mas não há líderes.

— Como o senhor encara essa realidade? — perguntou Ferhélin.

O Senhor da Geleira respondeu:

— Fazendo uma analogia, diria que, se uma casa estivesse pegando fogo, os que comandam, muito possivelmente, estariam preocupados em organizar a geladeira — tentando decidir o melhor local para colocar as frutas ou o leite. Ou criticando alguém que tirou os legumes do lugar previsto — coisas assim.

Colocariam toda a atenção em algo concreto, mas sem sentido algum naquele momento.

Sinto as lideranças de hoje tomando atitudes sem percepção ou intuição. Um líder natural é aquele que desenvolve a capacidade de perceber e integrar os multiversos presentes. Ele não apenas os percebe — como abre os canais para a perfeita interação entre eles.

Um líder genuíno reconhece os talentos, as aptidões e as qualidades das pessoas com quem está em contato — assim como percebe os níveis de influência que os ambientes manifestam.

Ele atua na potencialização dos dons pessoais e na harmonização dos fatores de influência. Esse processo elimina as influências negativas de maneira natural.

 Integrando Multiversos

Aquele homem, há tanto tempo vivendo nas montanhas, e ainda assim com tamanha percepção do que acontecia no mundo — isso era um paradoxo para Ferhélin.

Eles caminhavam entre as árvores, ao lado de um riacho de águas claras e cristalinas.

O Senhor da Geleira parecia ter uma visão muito nítida de tudo que se passava no mundo e comentou:

— Os universos que nos cercam vão além da nossa percepção. A espiritualidade é a essência que permeia esses universos — mesmo que não os percebamos.

É possível a um comandante atuar sem vínculos com valores, princípios e propósitos elevados. Entretanto, para um líder, esses são elementos essenciais — e sua expressão é a manifestação da espiritualidade.

Ferhélin voltou a refletir através das lentes da Física Quântica:

— Interessante… Seria a convergência das diversas energias que constituem esses multiversos o que forma o nosso Universo? Seria o colapsar das várias interações exteriores — físicas e não físicas — o que chamamos de nosso Universo?

— Você percebe que a essência básica da vida é a espiritualidade? A manifestação do nível de espiritualidade varia conforme os valores e propósitos com que as pessoas tomam atitudes. Não tem nada a ver com religião.

As religiões são instrumentos que valorizam a prática da espiritualidade como meio de ascensão. Mas não são o único meio.

Você já percebeu como a espiritualidade é esquecida pela educação em nosso mundo? — perguntou o Senhor da Geleira, acrescentando: — E aí não me refiro apenas às instituições, mas também às famílias.

Ferhélin concordou, balançando a cabeça.

— O ser humano é um ser espiritual. O espiritual transcende o humano. Não é apenas um complemento — é a essência. Negar isso é negar a si próprio. Isso não envolve questões de crença, mas questões de ser — disse o Senhor da Geleira.

— Como chegar a isso? — questionou Ferhélin.

— Percebendo que os limites foram criados e impostos por nós mesmos — e acreditando na verdade. Não por entendê-la ou dominá-la, e não por benefício próprio, mas aceitando a verdade pelo amor à verdade — independentemente de onde ela possa nos levar.

Para tanto, devemos retirar a venda que cobre nossa visão e abrir os olhos. Não ter medo do conhecimento — e descobrir que é possível ver muito além, quando não mais temos a venda que limitava nossa visão.

— Algo que não percebo claramente é a verdade. O que é a verdade? — indagou Ferhélin.

O Senhor da Geleira olhou-a calmamente e, vendo o olhar sincero daquela mulher, respondeu:

— A verdade é. Apenas é. Para acessá-la, só há um meio: ser. Quando você consegue ser, você experimenta a verdade. Você alcança a energia da verdade, de acordo com o nível manifestado por você. A essência da espiritualidade é a sua manifestação — que a conduz no seu caminho.

Ferhélin pensou um pouco sobre o que ele havia dito e comentou:

— A verdade é percebida conforme o caminho é percorrido. O importante é que cada um deve buscar seu caminho — escolhê-lo e percorrê-lo sem medos, sem comparações ou dúvidas, com coragem e amor. É isso, não é?

— O seu caminho a levará a você mesma. Na medida em que atingir a essência vital de sua identidade, você perceberá a verdade, perceberá Deus — e a infinita ligação que existe entre o seu eu interior e tudo mais que existe. Entenderá que você faz parte deste todo.

Ferhélin lembrou-se da meditação com o Mestre Yogue — e viu-se novamente naquele universo de luz, sentindo Deus como um sol espiritual espalhando sua luz e envolvendo-a em toda aquela dimensão luminosa.

Ela sentiu-se luz. Percebeu-se espalhando luz. Sentiu-se banhada por ela. Você faz parte do todo, percebeu-se dizendo a si mesma.

— A sua luz faz o todo brilhar — de uma maneira mais significativa do que você possa imaginar. Você nunca deve se preocupar com o tempo que sua caminhada levar. Apenas percorra seu caminho com amor, respeite os caminhos dos outros — e mantenha a compaixão no seu coração — disse o Senhor da Geleira.

Despedindo-se daquela figura carismática

— Amanhã seguirei viagem. Tudo o que compartilhou comigo foi muito precioso — disse Ferhélin, observando aquela figura carismática das Montanhas Rochosas.

— Você falou com profundidade sobre tantas coisas… mas há algo que ainda gostaria de perguntar. O que você está vivenciando e buscando nesta fase da sua vida?

O Senhor da Geleira respirou demoradamente e sorriu com serenidade:

— Minha vida é simples, como você pôde perceber. Não vivo de projetos nem de desafios. Encontro-me nesta caminhada que compartilhei com você.

Nos últimos dias, ser, para mim, significou oferecer o que intuía e vivenciava — conforme o que sua presença e a do grupo me inspiravam.

Em meus momentos de recolhimento, procuro meditar, apreciar o silêncio e deixar que as reflexões tomem forma naturalmente. Não me empolgo quando elas vêm, nem me entristeço quando não surgem.

Gosto de sentir-me na companhia de Deus. Passo muito tempo apreciando essa presença. Quando caminho pelas matas, pelos lagos e pelas geleiras, interajo com a luz que a natureza exala.

Sinto o ar, a neve, a água, os aromas, as cores e o céu. Procuro estar disponível às pessoas que aparecem por aqui. Essa é minha vida.

Algumas vêm em busca de recolhimento, outras desejam ouvir o que tenho a compartilhar. E compartilho — sem formalidades, sem títulos, sem molduras. O saber não precisa de palco. A sabedoria não exige microfone.

A vida é simples, quando não a complicamos. Estejamos onde estivermos, tudo tem seu tempo e seu momento. Veja: você ficou aqui por um bom tempo, e só nos últimos dias houve uma aproximação entre nós.

Penso que a ansiedade é um dos piores venenos. Em gotas, vai minando os campos puros da água que compõem o nosso lago mental. Fechar a porta da ansiedade é possível — quando vivemos em harmonia.

Acho que estou aprendendo essa lição com a vida.

Sorrindo para Ferhélin, ele perguntou:

— E como será a continuação da sua jornada?

Ela sorriu, balançou a cabeça, juntou as mãos e respondeu:

— Como? Eu não posso dizer… Mas posso afirmar que seguirei meu caminho como aprendiz.

— Acredite. Creia que a vida está sempre a seu favor. Não se preocupe com resultados, encontros, tristeza ou felicidade. Deixe sua vida fluir — trilhando seu caminho, descobrindo a verdade em seu coração e vendo sua existência desabrochar a cada dia.

Essa foi a mensagem final do Senhor da Geleira.

Naquela noite, jantaram juntos e foram dormir em seguida.

Ao amanhecer, Ferhélin, com a mochila às costas, despediu-se com um último olhar — da geleira, do lago azul e das montanhas.

Do alto da encosta, o Senhor da Geleira observou a van prateada deixar o alojamento e seguir viagem.

Epílogo

A sabedoria não se impõe. Ela se oferece.

Ferhélin seguiu viagem com o coração mais leve. Não levava respostas prontas — levava sementes. Sementes de silêncio, de presença, de verdade.

O Senhor da Geleira não lhe entregara fórmulas, nem mapas. Entregara-lhe o gesto de estar, o dom de perceber, o valor de simplesmente ser.

Entre pinheiros e geleiras, ela havia aprendido que o saber mais profundo não exige cátedra — apenas escuta. E que a sabedoria suave é aquela que toca sem ferir, que guia sem prender, que ilumina sem ofuscar.

As Rochosas permaneceram onde sempre estiveram — imponentes, silenciosas, eternas. Mas dentro de Ferhélin, algo havia se movido com suavidade e força. Não era uma resposta, nem uma certeza — era um sopro. Um saber sereno, como o do Senhor da Geleira: sem formalidades, sem molduras, sem pressa.

Ressoava em sua alma a voz de Milton Nascimento, como se o próprio vento cantasse entre os pinheiros: tudo que move é sagrado.

E ela sabia — agora com o coração — que também se movia. E por isso, também era sagrada.

senhor da Geleira

O SENHOR DA GELEIRA
SÉRIE: “OUVINDO AS ESTRELAS” 
COPYRIGHT © H. S. SILVA 
ISBN – Nº 978-65-01-36101-7

A série Ouvindo as Estrelas convida o leitor a acompanhar Ferhélin, uma jovem cientista em busca de sentido além das fórmulas e teorias. Em sua jornada pelas terras canadenses — especialmente entre os cenários majestosos das Montanhas Rochosas — ela vive encontros sutis e transformadores que a conduzem a uma nova forma de ver o mundo.

Cada minilivro é uma travessia entre paisagens externas e descobertas internas. A magia da natureza se entrelaça com reflexões profundas, revelações inesperadas e aprendizados que transcendem a lógica, tocando o espírito.

Ao longo da série, Ferhélin aprende a ouvir o que não se diz, a perceber o invisível e a integrar ciência e espiritualidade com leveza e sabedoria. Essas experiências, compartilhadas com o leitor em linguagem acessível e poética, revelam que há estrelas que só se escutam com o coração atento.

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